12 janeiro 2007

Partituras - Compartilhamento

Vou postar aqui uns links de lugares onde se compartilham partituras, é pouca coisa, mas são de lugares de confluência de informações, assim, é só procurar bem procuradinho que se pode achar de tudo. Uma coisa importante de se lembrar é que não basta procurar; ficar garimpado preciosidades pela net, é claro que se pode encontrar muita coisa legal, mas o mais importante é o ato de compartilhamento de informações. Só através do compartilhamento poderão surgir lugares realmente úteis e práticos para se encontrar e se postar partituras (e todos os outros tipos de informações). Outra vantagem do compartilhamento é o diálogo que permite que haja entre os interessados do mundo inteiro.
http://www.tocando.com.br/ http://sombrasil.ig.com.br/ http://www.ethosbrasil.com/nav/partit.htm http://www.abrahamespinosa.com/partituras2.htm http://foudemusique.free.fr/partitions/partitions_jazz.php http://www.diminuto.braskernel.com/ http://www.ultimate-guitar.com/ http://www.clickmusical.mus.br/ http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=373213 http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=59777

10 janeiro 2007

Amar...

Vou postar estes poemas do Neruda, que eu mesmo (ainda) estou digitando (eu, diga-se de passagem). São cinco e doze da manhã. Eu cheguei em casa quatro e pouco. Fui ficando louco e decidi, às quatro e cinqüenta e quatro, postar estes textos. Eu cheguei em casa com as costas arranhadaças por pular uma tremenda cerca de arames farpadíssimos (tô exagerado! Sohhh uhsasuha também), enfim, cheguei em casa com amor no corpo. Foi massa! Sou do tipo, segundo uma professora de Literatura minha (Nossa! O suor está ardendo as minhas arranhaduras...) eu sou do tipo de amor Sátiro ou Eros, sei lá, qualquer coisa que envolve putaria. Mas é amor! But... Então! Então eu cheguei em casa, comecei a ler Neruda e a pirar, e decidi postar uns poemas dele para celebrar o amor. Primeiro eu procurei ver se achava umas paradas do Cem Sonetos de Amor, que é o livro que eu estava lendo, nem achei, mas, também, eu busquei de qualquer jeito. Que se foda! Já digitei um, digitarei mais. Pronto, estão os três digitados. Vou digitar também o prefácio do livro e postar esta parada antes que o fogo apague e eu me arrependa deste arroubo passional. Portanto, ao Neruda. CEM SONETOS DE AMOR – PABLO NERUDA A MATILDE URRUTIA Senhora minha muito amada, grande padecimento tive ao escrever-te estes malchamados sonetos e bastante me doeram e custaram mas a alegria de oferece-los a ti é maior que uma campina. Ao propô-lo bem sabia que ao costado de cada um, por afeição eletiva e elegância, os poemas de todo tempo alinharam rimas que soaram como prataria cristal ou canhonaço. Eu, com muita humildade, fiz estes sonetos de madeira, dei-lhes o som desta opaca e pura substância e assim devem alcançar teus ouvidos. Tu e eu caminhando por bosques e areais, por lagos perdidos, por cinzentas latitudes recolhemos fragmentos de pau puro, de lenhos submetidos ao vaivém da água e da intempérie. De tais suavíssimos vestígios costruí com machado, faca, canivete estes madeirames de amor e edifiquei pequenas casas de quartorze tábuas para que nelas vivam teus olhos que adoro e canto. Assim estabelecidas minhas razões de amor te entrego esta centúria: sonetos de madeira que só se levantaram porque lhes deste a vida. LXXXIX Quando eu morrer quero tuas mãos em meus olhos: quero a luz e o trigo de tuas mãos amadas passar uma vez mais sobre mim seu viço: sentir a suavidade que mudou meu destino. Quero que vivas enquanto eu, adormecido, te espero, quero que teus ouvidos sigam ouvindo o vento, que cheires o amor do mar que amamos juntos e que sigas pisando a areia que pisamos. Quero que o que amo continue vivo e a ti amei e cantei sobre todas as coisas, por isso segue tu florescendo, florida, para que alcances tudo o que meu amor te ordena, para que passeie minha sombra por teu pêlo, para que passeie minha sombra por teu pêlo, para que assim conheçam a razão de meu canto. XCII Amor meu, se morro e tu não morres, amor meu, se morres e não morro, não demos à dor mais território: não há extensão como a que vivemos. Pó no trigo, areia nas areias, o tempo, a água errante, o vento vago nos transportou como grão navegante. Podemos não nos encontrar no tempo. Esta campina em que nos achamos, oh pequeno infinito! devolvemos. Mas este amor, amor, não terminou, E assm como não teve nascimento morte não tem, é como um longo rio, só muda de terras e de lábios. XCIII Se alguma vez teu peito se detém, se algo deixa de andar ardendo por tuas veias, se tua voz em tua boca se vai sem ser palavra, se tuas mãos se esquecem de voar e dormem, Matilde, mor, deixa teus lábios entreabertos porque esse último beijo deve durar comigo, deve ficar imóvel para sempre em tua boca para que assim também me acompanhe em minha morte. Morrerei beijando tua louca boca fria, abraçando o cacho perdido de teu corpo, e buscando a luz de teus olhos fechados. E assim quando a terra receber nosso abraço iremos confundidos numa única morte a viver para sempre de um beijo a eternidade.

08 janeiro 2007

Eu Assisti Este Filme Na Cadeia Na Noite Da Eleição, Quando Houve Uma Fuga

Extermínio (28 Days Later, Inglaterra, 2003) Por: Katchiannya

Durante muito tempo Danny Boyle foi um dos meus diretores favoritos. Amei Transpotting, adorei Cova Rasa (especialmente o final), gostei muito de Por Uma Vida Menos Ordinária. Mas, então, eis que me surge no meio do caminho A Praia. Enquanto todas as menininhas esperavam esse filme com expectativa por ser o mais novo filme do Leonardo Di Caprio (vivendo sua glória pós-Titanic), eu vibrava com a possibilidade de ver mais um filme de Boyle. Mas, que decepção. O filme era uma bomba completa, com exceção de algumas poucas seqüências como a que o personagem de Di Caprio delira que está dentro de um vídeo-game.

Quando soube do lançamento de Extermínio fiquei dividida. Será que Boyle teria retornado à velha forma ou eu estaria diante de um novo desastre? Teria eu coragem de ver esse filme?

Apesar dos receios, tudo apontava para que eu decidisse ver o filme. As informações sobre ele eram as mais promissoras, a história interessante e, além de tudo, era um filme de terror (eu amo filmes de terror) e de zumbis (adoro filmes de zumbi).

Decidi pagar para ver e não me arrependi. O filme é muito, muito, muito bom!!!! Danny Boyle como nos velhos tempos ou talvez melhor.

Filmado com cameras digitais, o filme tem todo o jeitão de filme independente e de baixo orçamento como alguns clássicos do gênero costumam ter (A Morte do Demônio - ou Uma Noite Alucinante I -, O Massacre da Serra Elétrica, A Noite dos Mortos Vivos, só para citar alguns exemplos). Boyle nos lembra o que a grande maioria das produções de terror hollywoodianas vive se esquecendo: um bom filme de terror não se faz com grandes efeitos especiais, mas com uma história intrigante e sugestiva, que sabe dosar de forma equilibrada ação, suspense, sustos e pavor. Algo que faz gelar sua espinha pela possibilidade, ainda que remota, de se tornar real.

Em um futuro recente, na Inglaterra, um grupo de ambientalistas resolve invadir um laboratório que usa animais como cobaias. Mas eles chegam tarde demais, pois os macacos a serem libertados já estão infectados com um vírus letal e incontrolável: a Raiva. Não aquela raiva comum do "cachorro de boca espumante", mas uma muito pior, que elimina no infectado qualquer sinal de racionalidade. Ele se torna uma besta insana e sedenta de sangue, um morto-vivo cujo maior e único desejo é trucidar tudo e todos que estão no seu caminho. Pois bem, uma das ativistas é atacada por um macaco e infectada. 28 dias depois (como diz o título original do filme), a doença se torna uma epidemia e toda a Inglaterra é devastada. É nesse cenário que o entregador Jim (Cillian Murphy) acorda depois de um mês de coma. Vagando por uma Londres deserta, ele acaba se deparando com Selena (Naomie Harris), Frank (Brendan Gleeson) e sua filha Hannah (Megan Burns) e descobrindo a terrível verdade sobre o que aconteceu enquanto dormia. Aprende também que o vírus se transmite através do contato de sangue com feridas ou mucosas (boca, olhos, etc) e uma vez infectado deve-se matar a vítima imediatamente, independente de quem ela seja, pois após 20 segundos ela já está completamente dominada. Juntos eles decidem ir até Manchester, onde o exercíto teria a solução para a epidemia?

A história, escrita por Alex Garland, usa com primor o velho artifício "pessoa comum diante do desconhecido aterrorizante", cria personagens consistentes com as quais é possível se identificar e envolver. Eles não são apenas os heróis do filme, mas pessoas que sofreram duras perdas, buscam sobreviver, mas também algo mais em suas vidas. Boyle e Garland conseguem entremear a trama com momentos de emoção, ternura e até um pouco de poesia sem quebrar o ritmo tenso da história, muito pelo contrário, é pelo contraste com esses momentos que muitas vezes a tensão é produzida. As sequências de Londres completamente deserta são inacreditáveis e impactantes. Dá para sentir o desespero de se encontrar completamente sozinho em uma grande, barulhenta e populosa metropólis. Totalmente desolador.

A idéia de tornar os zumbis mais fortes, mais rápidos e incansáveis que uma pessoa comum, ao invés de do usualmente lentos e arrastados, além de ser bem plausível (o vírus retira todas as inibições psicológicas que protegem nosso organismo dos danos de um esforço extremo), também passa aquela idéia de um predador selvagem e incontrolável atrás de sua presa. Fugir de um zumbi seria tão ou mais aterrorizante que fugir de um tigre.

A opção de um elenco completamente desconhecido para não desviar a atenção da história e reforçar essa idéia de pessoa comum também foi outro ponto positivo da produção. Tudo bem que no começo senti falta do Ewan McGregor (que usualmente trabalhava com Boyle), mas Cillian Murphy se mostrou extremamente competente como Jim (além de ser um colírio nos olhos para a platéia feminina). Depois de ver o filme cheguei à seguinte conclusão: esse cara tinha que ser o Batman no próximo filme do Morcego. Além de ser fisicamente parecido com Bruce Wayne, ele seria capaz de captar e transmitir a essência da personagem, seja nas cenas de ação quanto naquelas que envolvam toda a complexa neurose e o desejo de justiça do Cavaleiro das Trevas. Era só alguém ensinar Murphy como falar com american accent. :o).

Mas, para não dizer que estou exagerando e babando muito o ovo, o filme possui alguns probleminhas no roteiro, que se questionarmos demais ficam insustentáveis. Além disso, os dois finais (o original - mais comercial- e o alternativo) deixam um pouco a desejar, por serem um pouco clichés. Mas tentei imaginar maneiras mil de finalizar o filme e não consegui encontrar nenhuma sem cair na mesmice. Se alguém souber como terminar um filme de zumbi sem cair no cliché, me dê um toque.

Enfim, se Resident Evil era o exemplo de como não se fazer um filme de zumbis nos dias de hoje (e eu realmente gosto dos jogos), Extermínio é a mostra do que se pode fazer de melhor, comparável em termos de inovação e qualidade ao A Noite dos Mortos Vivos (o original da década de 60) de George Romero, o maior especialista em mortos vivos no cinema.

E antes que eu me esqueça: Danny, parabéns, parece que você consegui retornar à minha lista de diretores preferidos.

Retirado do site A Galaxia

As imagens e os links contidos nelas são coisas minhas.